11/22/2022
Uma Nova Felicidade
Para ser feliz de verdade, precisamos entender bem o que isso quer dizer. O que é felicidade?
Nós falamos muito sobre a felicidade, como algo que é o objetivo final de tudo o que fazemos. Não vamos tomar uma decisão, propositalmente, só para nos causar sofrimento ou tristeza. Se agirmos racionalmente, será sempre no sentido do sermos mais felizes. Mas muita gente desconfia dessa ideia, e com razão.
A busca pela felicidade pode ser muito frustrante, porque ela, a felicidade, é fugidia e inconstante. Sabemos que não seremos sempre felizes, não existe essa vida perfeita. Sempre iremos enfrentar dificuldades, injustiças e tropeços que causarão tristezas. Se entendermos a felicidade como um estado de alegria constante e definitivo, e tentarmos direcionar nossas vidas para atingir esse estado, certamente vamos nos frustrar.
Conta a história que um antigo rei da Lídia, Creso, um dia recebeu o sábio ateniense Sólon em sua corte. Creso se achava um homem muito afortunado, poderoso e muito rico, e fez questão de mostrar todos os seus tesouros a Sólon, e perguntou: “Quem é, então, o homem mais feliz que você já viu?”, esperando que o sábio reconhecesse que ninguém poderia ser mais feliz que o próprio Creso.
Mas Sólon frustrou o rei, ao elencar pessoas que já tinham morrido, e que ele julgava terem vivido de forma especialmente feliz. O sábio quis mostrar que não se pode julgar uma vida antes de ela acabar e, portanto, que ninguém pode se dizer feliz em definitivo. Ou seja, se tentarmos viver a vida com esse objetivo – de um dia sermos enfim felizes, – vamos nos frustrar. Essa será sempre uma busca cheia de ansiedades e expectativas, e que nunca terá fim.
Por isso, precisamos entender melhor o que significa felicidade. Não se trata apenas de alegria, prazer e positividade constantes. Não se trata de buscar um estado futuro e seguro de perfeito deleite. Na realidade, ser feliz é, de fato, algo que só podemos realizar agora, no presente. É uma disposição para a vida, como viemos definindo nos últimos textos. Mas vamos definir melhor essa ideia.
O psicólogo americano Martin Seligman foi o principal responsável por desenvolver um ramo da Psicologia chamado “Psicologia Positiva”. Em contraste com a forma como a Psicologia tradicionalmente estuda o sofrimento, o transtorno mental e os desvios da norma, a Psicologia Positiva estuda as melhores experiências pelas quais passamos – o prazer, a alegria, a felicidade. Seligman chamou atenção para a o sentido mais amplo de felicidade nos antigos textos filosóficos. A palavra grega “eudemonia”, normalmente traduzida por “felicidade”, na verdade, tem um sentido bem mais complexo. Etimologicamente, significa algo como “bom espírito”, ou “energia equilibrada”, e era usada no sentido de uma felicidade que se encontra na boa prática da vida, no exercício da razão e das virtudes. E é importante entender que não se trata de uma felicidade que se conquista a partir dessa prática, mas da felicidade que consiste nessa prática. Ou seja, ser feliz não é uma recompensa que se obtém ao viver de forma sábia. Felicidade, nesse sentido, é viver de forma sábia.
Por isso os psicólogos, atualmente, desconfiam do conceito de felicidade como um bom guia para a vida, e tentam propor traduções melhores. Seligman traduz eudemonia por “flourishing”, em inglês – algo como florescer, prosperar, crescer, em português. O importante é substituir a ideia de uma felicidade futura e ilusória, por uma atitude muito concreta, e muito presente, de aproveitar a vida – no que ela tem de bom e de ruim, de alegre e de triste, – para crescer, aprender, desenvolver.
De tudo o que discutimos a partir da pesquisa sobre felicidade da Lancôme, esse é o sentido mais importante de “Felicidade Agora”. De fato, o que mais importa na vida é ser feliz. Não ser feliz um dia, em um futuro perfeito e inalcançável em que todas as nossas conquistas estarão realizadas, em que a vida será só alegria, em que nada de ruim jamais irá nos afetar. Isso é impossível, e buscar esse futuro ilusório nos custa muita alegria agora. Mas também, ser feliz agora não significa que devemos fazer só o que nos dá prazer imediato, esquecendo de nossos planos e valores.
A verdadeira felicidade só faz sentido agora, porque ela é a nossa disposição para a vida, nossa busca por sermos maiores e melhores a cada dia. Uma vida em que realizamos e falhamos, sofremos e amamos, é a felicidade real e possível. Ela nunca é perfeita e concluída, ela é um processo constante. É nossa abertura para os outros, que nos ensinam e nos desafiam. Nossa abertura para o amor, que nos alimenta e machuca. Nossa abertura para a arte e para a beleza, que nos faz experimentar o maravilhoso. Nossa abertura para a aventura, para o novo, e o risco. E tudo o que construímos no caminho – nossas forças internas e externas, nosso caráter e virtudes, os amigos e amores, as comunidades em que vivemos bem – que nos ajudarão nos momentos mais difíceis.
Nunca estarmos perfeitamente realizados é fundamental para estarmos sempre florescendo. E isso, é ser feliz agora.
Texto criado especialmente em parceria com a Lâncome.