
05/06/2025
Relacionamentos, Trabalho
Um elogio ao networking
Fazer networking tem má fama: é uma prática associada a favorecimento próprio, egoísmo e até esnobismo. Mas, em sua essência, fazer networking é apenas uma busca por ajuda que surge de uma percepção fundamentalmente modesta acerca das nossas limitações e fragilidades enquanto indivíduos e, portanto, do quanto precisamos do apoio e das competências dos outros.
Assim, o networking será tão bom (ou ruim) quanto os fins a que se destina. Há, na história, algumas versões impressionantes dessa atividade. A antiga lenda grega dos argonautas conta como o heroico capitão Jasão viajou pelos campos fazendo networking, a fim de reunir um grupo de aliados que partisse com ele em sua busca pelo lendário Velocino de Ouro. Jesus de Nazaré trabalhou com afinco em seu networking até compor uma equipe de discípulos que pudesse ajudá-lo a divulgar seus ensinamentos de amor, redenção e sacrifício.
Fazer networking significa trabalhar em rede. E trabalhar em rede significa filtrar de forma inteligente nossos contatos, reconhecendo que não somos (nem deveríamos ser) capazes de conhecer todo mundo. Isso envolve alinhar o caminho de outras pessoas a uma missão e implica o sábio reconhecimento de que nosso tempo não é ilimitado.
Idealmente, nossas redes devem ser amplas, diversificadas e livres de esnobismo, porque precisamos sempre lembrar que informações úteis, habilidades valiosas, novas perspectivas, oportunidades e orientações podem estar onde menos esperamos. Na espionagem, por exemplo, essa é uma compreensão fundamental: pode ser tão produtivo fazer contato com o pessoal da faxina da embaixada quanto com o adido econômico; um barman de hotel pode ser uma fonte de informações tão rica quanto um militar de alta patente.
Devemos levar essa mentalidade aberta para a vida, pois às vezes é possível aprender mais sobre negócios com um falido do que com um CEO bem-sucedido; o motorista do táxi pode nos transmitir uma lição de vida durante uma corrida trivial; a senhorinha de gorro parada no ponto de ônibus pode ser a inspiração para uma nova ideia empresarial. Se temos em mente uma missão elevada e genuína, o networking deixa de ser uma atividade aproveitadora ou discriminatória. É apenas uma maneira de garantir que estaremos sempre colhendo insights e boa assistência.
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