Se fôssemos sábios

Se fôssemos sábios, seríamos um tantinho mais pessimistas em relação à vida e ao que esperar dela.
 
Se fôssemos sábios, lembraríamos com mais frequência que não existe relacionamento sem dor ou decepções. Que gerir o próprio negócio é quase sempre enlouquecedor de tão cansativo. Que todas as famílias são disfuncionais em algum grau e à sua própria maneira.
 
Se fôssemos sábios, aceitaríamos que não estamos sendo perseguidos pelo Universo. A vida é assim mesmo, cheia de tropeços e imprevistos. Quando estamos nos sentindo a mais azarada das criaturas, já que todos parecem tão bem e felizes, o mais provável é que essas pessoas apenas não estejam sendo completamente francas sobre a própria situação.
 
Se fôssemos sábios, deixaríamos de lamentar nossas escolhas aparentemente equivocadas. Sim, provavelmente você poderia ter se casado com alguém mais compatível, cuidado melhor da sua saúde, ou construído uma carreira mais interessante. Todos nós poderíamos. Mas ninguém nasce sabendo, e não existe aprendizado sem erros.

É óbvio que nem tudo saiu como o planejado. É óbvio que você cometeu erros terríveis no passado. É óbvio que você já foi traído ou levou um pé na bunda. Tudo isso é supremamente, humanamente normal.
 
Às vezes, quando a vida se torna muito pesada, devemos nos permitir ser aquilo que somos: humanos. O pessimismo pode parecer uma forma negativa de encarar o mundo, mas, em doses saudáveis, ele pode nos prevenir de expectativas irrealistas e grandiloquentes. Um ego inflado nos afasta de nossa verdadeira natureza falha e em constante aprendizado, gerando decepções e falta de gratidão por aquilo que já temos ou conquistamos.
 
A sabedoria começa quando deixamos de lado nosso senso desproporcional de autoimportância e admitimos que somos seres mortais, falíveis, limitados e um pouco idiotas. Simplesmente não há outra opção para um ser humano. E isso é profundamente libertador.
 
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