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Como ter uma “Renascença”

Como ter uma “Renascença”

No início do século XIV, os líderes de uma obscura cidade toscana nas margens do rio Arno formularam um plano tão visionário quanto historicamente significativo: eles visavam transformar Florença em um dos grandes centros da comércio, arte, arquitetura e estudos. Eles desejavam que a cidade se igualasse a Veneza e Roma, Paris e além,  a antiga Atenas.

 

Mais surpreendente ainda, eles tiveram sucesso acima de qualquer medida. Nos duzentos anos seguintes, a língua de Florença foi adotada como vernáculo em toda a península italiana; seu principal arquiteto, Filippo Brunelleschi, inventou a engenharia moderna; sua cultura artística deu origem a Michelangelo, Leonardo da Vinci, Botticelli e Giotto; sua moeda local, o florim, virou a moeda de reserva global; seus estudiosos redescobriram a literatura clássica e seu navegador Amerigo Vespucci emprestou seu nome até a continente.

 

Não se pode atribuir o sucesso de Florença a nenhuma das características padrão associadas à renovação urbana: a cidade não era – no início – especialmente rica; ela não tinha recursos naturais específicos; ela era militarmente fraca e cercada por rivais. Em última análise, o sucesso de Florença pode ser atribuído a um ingrediente da liderança que parece extremamente peculiar, improvável e ingênuo quando declarado de forma direta: confiança. Uma das grandes cidades do mundo surgiu de uma liderança inspiradora que imbuiu as pessoas de confiança. Não foi carvão, armas ou riqueza que fez isso: foi um movimento da mente.

A ideia é ao mesmo tempo importante e aterrorizante, pois nos obriga a reconhecer que tudo o que nos separa de uma idade de ouro pode ser o grau certo de autoconfiança. Não podemos continuar dando desculpas. Agora, se pudéssemos alinhar as moléculas de nossos cérebros de forma adequada, nossa geração poderia criar estruturas para rivalizar com as de Brunelleschi e obras de arte para ficar ao lado de Michelangelo. Poderíamos deixar de ser turistas da grandeza do passado e nos tornar grandes nós mesmos.

 

Permanecemos medíocres não por razões imutáveis; estamos negligenciando o que poderíamos fazer se pudéssemos redescobrir uma maneira de sonhar, ou ao menos tivéssemos líderes que nos inspirassem a ser melhores do que somos.

By The School of Life

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