Registrando e Revisitando nossas Memórias

Escrever um diário pode ser a melhor solução para alguns dos nossos desejos mais profundos: ter sentimentos interpretados ou ser ouvido, acolhido, respeitado, consolado, conhecido ou valorizado. A questão é que passamos muito tempo com o pensamento no futuro, mas pouquíssimas vezes nos voltamos para as nossas lembranças. A ideia de dar muita importância a revisitar uma experiência na memória soa para algumas pessoas como algo um pouco estranho, mas não deveria.

Não cultivamos nossas experiências passadas com o carinho e respeito que elas merecem. Muitas vezes, guardamos coisas boas que nos aconteceram no fundo do armário de nossa mente, sem nenhuma expectativa de voltar a vê-las e apreciá-las.

Às vezes, elas se apresentam para nós como uma grata surpresa. Em uma tarde tediosa, de repente, a imagem de uma praia ao entardecer ganha vida na memória. Ou então, durante o banho, lembramos de um bate-papo agradável com uma pessoa querida há uma década. No entanto, prestamos pouca atenção a esses momentos.  

Como não planejamos encontros frequentes com essas memórias, podemos considerá-las devaneios. Mas e se mudarmos um pouco a hierarquia de prestígio das nossas experiências passadas? Talvez descobriremos que um mergulho frequente em nossas lembranças é uma parte crucial do que pode nos sustentar e consolar. Além disso, essa poderia ser uma forma mais barata e flexível de entretenimento.

Não precisamos de equipamentos de realidade virtual nem de câmeras para isso: já temos os melhores recursos em nossa cabeça. Deveríamos aprender a viajar de tempos em tempos pela nossa mente e pensar no prestígio que é ficar em casa refletindo sobre um passeio agradável que fizemos, um momento significativo em família ou acontecimentos saudosos da nossa infância.

Nossas experiências não desaparecem. Podemos continuar em contato com boa parte do que as tornou agradáveis pela simples arte da evocação. Um caminho para iniciar essa jornada é a escrita, um lindo exercício de descobrir e relembrar o que pensamos e quem somos. Vai ser difícil você encontrar uma meta pessoal mais importante.

Texto da The School of Life

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