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Por que o Trabalho é tão mais fácil do que o Amor

Por que o Trabalho é tão mais fácil do que o Amor

Somos uma cultura altamente atenta ao que é bonito e comovente no amor; conhecemos seus pontos fortes e celebramos seu êxtase em filmes e músicas. Em comparação, o trabalho pode ser apenas aquilo que temos de fazer para pagar as contas.

Ainda assim, é impressionante como muitas vezes o trabalho, apesar de muitas vezes não ter glamour algum, acaba sendo a parte mais fácil, agradável e, essencialmente, humana da vida.

 

Há diversos motivos para isso:

 

Primeiro: Você tem de ser profissional
O trabalho exige que todos os que entram no escritório se comportem “profissionalmente”. Isso significa, essencialmente, que situações nas quais, no fundo, você se sente tentado a explodir, insultar, xingar e chorar requerem que você se comporte com calma estoica e discrição.

 

Segundo: Você é treinado
A maioria dos cargos presume que a pessoa que os assume não tem a mínima ideia do que está acontecendo. Você não deve conhecer o maquinário ou os protocolos somente por intuição – portanto, precisa fazer treinamentos e ler extensos manuais. Pode levar dois anos até entender muita coisa.
Esse luxo não existe no amor, casais devem “entender” um ao outro por instinto imediato e considerar essa compreensão rápida uma prova da sinceridade de seu amor. Às vezes, eles até dizem que simplesmente sabiam que tinham de ficar juntos porque conseguiam se comunicar “sem precisar falar”, mas, exceto nas primeiras semanas do amor, essas aspirações românticas são uma pura catástrofe, que leva os amantes a não querer explicar a si mesmos e seus desejos com paciência e detalhamento adequados.
Fatidicamente para nossas chances de felicidade, na ideologia romântica o amor é entendido como um entusiasmo, não como o que realmente é: uma habilidade que precisa ser aprendida.

 

Terceiro: O feedback é mais delicado
Não gostamos muito de receber avaliações no trabalho, mas elas são fenômenos profundamente gentis em comparação com o que acontece em casa. Os feedbacks são calcadas em uma cultura de tato. Um comentário difícil tem de ser acompanhado por pelo menos sete elogios. A cultura do trabalho sabe que as pessoas não melhoram e não conseguem adotar novas ideias se estão se sentindo ameaçadas e humilhadas.
A vida em casa nos torna professores muito menos competentes. Ficamos tão apavorados e assustados com a ideia de que a outra pessoa não consegue fazer o que queremos que faça (mesmo se nunca explicamos isso) que tentamos ensiná-la batendo a porta, chamando de “idiota” ou coisa pior. Infelizmente, ninguém aprende muito em condições de histeria.
Além disso, provavelmente sentimos que o(a) parceiro(a) nos ensinar algo infringe as regras do amor: achamos que precisamos ser amados apenas por sermos quem somos. Embora todos sejamos muito falhos, é claro, imaginamos que o amor não tem nada a ver com educação e que quem tenta indicar algo para nós está, portanto, só sendo maldoso – em vez de fazer o que todos os casais deveriam: tentar ao máximo melhorar aqueles com quem se importam ao dar lições de um jeito amável.

 

Quarto: Você depende menos de um trabalho
Dependemos do trabalho, claro, mas sobreviveríamos se ele chegasse ao fim. Essa não é a sensação que temos com relação ao amor, especialmente quando há filhos e um financiamento interminável a pagar.

 

Quinto: O trabalho simplesmente é mais fácil
Comandar uma usina nuclear ou aterrissar grandes aviões não é algo simples, mas – é bom insistir – ainda é muito mais fácil do que tentar ser feliz com outro ser humano em uma relação sexual ao longo de várias décadas.
Não há nada mais difícil no mundo, por sermos tão complicados, ter expectativas tão altas e ter uma cultura romântica tão ruim em nos ajudar a aumentar a qualidade do nosso nível de paciência, nossas percepções, sessões de feedback e manuais de treinamento.
Veja nosso calendário completo aqui e saiba mais sobre a Semana do Amor.

By The School of Life

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