08/17/2020
Relacionamentos, Todos
O Que Faz um Relacionamento Ser Bom
Muitas pessoas, depois de algum tempo fazendo parte de um casal, admitem secretamente que estão, de muitas formas, frustradas e decepcionadas com a pessoas com as quais escolheram dividir a vida. Se precisam dar mais detalhes, não têm dificuldade em fazer uma lista com alguns argumentos, como:
- Tem o hábito de falar coisas redundantes, como “na verdade”, em quase toda frase;
- Não temos a mesma opinião sobre o layout da sala de estar;
- Joga futebol toda quarta à noite, haja o que houver;
- Tem um amigo que ri sem motivo aparente;
- É leal demais à irritante família dele;
- Gosta de montar quebra-cabeças;
- Nunca quer acampar nas férias; e
- Não gosta de comida árabe.
À medida que a lista aumenta, essas pessoas suspiram. Ainda amam seu parceiro e querem ser felizes com ele, mas parece impossivelmente complicado fazer esta relação funcionar. O que gera a frustração não é constatar que se apaixonaram por um idiota, mas sim que todos herdamos ideias muito complicadas a respeito de conceitos que expliquem para que serve um relacionamento.
Todos ouvimos que o amor deve envolver a fusão quase total de duas vidas: esperamos que um casal que se ama more na mesma casa, jante junto toda noite e divida a cama. Espera-se, também, que o casal vá dormir e acorde no mesmo horário, só transe ou tenha pensamentos sexuais com o parceiro, visite as respectivas famílias regularmente, tenha todos os amigos em comum e compartilhe das mesmas opiniões sobre todos os assuntos a todo momento.
É uma visão bonita, mas também infernal, que impõe um fardo muito pesado de expectativa sobre outro ser humano. Sentimos que o parceiro deve ser certo para nós em todos os aspectos e, se não for, tem de ser persuadido a mudar. No entanto, há outra perspectiva: relacionamentos não precisam ser tão complicados e ambiciosos se pensarmos no que, no final das contas, realmente os torna realizadores.
No frigir dos ovos, pode haver, na verdade, apenas três coisas essenciais que queremos do outro:
Gentileza
Um parceiro gentil com nossas imperfeições e que possa nos tolerar, com bom humor, da forma como somos.
Vulnerabilidade compartilhada
Alguém com quem podemos nos abrir sobre nossas ansiedades, preocupações e problemas que nos desequilibram; alguém para quem não precisamos disfarçar nada; alguém com quem podemos ser fracos, vulneráveis e honestos – e que também será assim conosco.
Compreensão
Alguém interessado em algumas características obscuras de nossa mente e que possa nos ajudar a entendê-las e dar sentido a elas, como nossas obsessões, preocupações e formas de ver o mundo.
Se tivermos esses três ingredientes cruciais em mãos, nós nos sentiremos amados e essencialmente satisfeitos, independentemente das diferenças que surgirem em outras áreas. Ao limitar o que esperamos que seja um relacionamento, podemos superar a tirania e o mau humor que contaminam tantas relações. No final, um relacionamento bom, mais simples e amoroso pode acabar parecendo muito diferente da imagem convencional.
Um vínculo entre duas pessoas pode ser profundo e importante exatamente porque não se desgasta com todos os detalhes práticos do dia a dia. Ao simplificar e esclarecer para que serve uma relação, nós nos libertamos de conflitos excessivamente complicados sobre rotinas, amigos e destinos de férias – e focamos em nossa necessidade urgente e fundamental de sermos aceitos, vistos e entendidos.
Texto The School of Life