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Feliz Agora

Feliz Agora

Tem alguma coisa mais importante que ser feliz? Há muitas respostas diferentes para essa pergunta, e talvez possamos fazer uma lista de coisas que parecem mais urgentes que a felicidade. Podemos dizer que trabalhamos, por exemplo, por necessidade, e não para sermos felizes. Ou que somos pressionados a fazer dieta para manter um corpo bonito, mas que isso, na verdade, custa muita felicidade. Talvez passamos a vida fazendo coisas que achamos que temos de fazer – por ser nossa responsabilidade, para sermos bem-vistos, bem aceitos socialmente, para termos segurança, para conseguirmos uma família ou um cargo importante – sem nunca pararmos para nos perguntar se estamos, felizes, agora.
 
A Lancôme realizou uma pesquisa no Brasil para investigar a felicidade, e descobriu que a maioria das pessoas sente que falta algo para que elas sejam realmente felizes. Os entrevistados citaram coisas como sabedoria, tempo ou dinheiro, como aquilo que faltava para serem mais felizes. Mas, de longe o item mais votado foi: Liberdade.
 
Faz sentido. Todas essas coisas que temos de fazer ocupam a maior parte do nosso tempo. Estamos sempre ocupados demais para simplesmente sermos felizes agora. Mas, por qual motivo escolheríamos fazer coisas que nos custam felicidade? E se, em última análise, tudo o que fazemos é motivado pela crença de que seremos mais felizes? Essa ideia é bem antiga, e foi defendida por muitos pensadores importantes ao longo da história. Por exemplo, o grego Epicuro e o inglês John Stuart Mill, dois filósofos separados por diferentes culturas e dois milênios, defenderam pontos muito similares sobre o tema.
 
Ambos afirmaram que o fim de toda ação humana é a felicidade. O problema é que pode ser confuso perceber o quê, de fato, nos ajuda a sermos mais felizes. Frequentemente temos de renunciar a prazeres mais imediatos, pela esperança de recompensas maiores no futuro. Ou, às vezes, por associação e hábito, perseguimos coisas que não nos fazem felizes, pensando que fazem. Por exemplo, será que dinheiro, de fato, traz felicidade? É uma alegria ter dinheiro para ser independente, comprar o que quiser, ter seu próprio carro, coisas que marcam conquistas felizes da vida. Por isso, associamos o dinheiro com felicidade e, com frequência, passamos a considerar que ganhar dinheiro é o objetivo final de nossas ações. Isso não é um problema, enquanto nos trouxer felicidade de fato. Mas, quando confundimos o que realmente importa, podemos tomar decisões que nos farão realmente infelizes, para manter o objetivo de ganhar dinheiro. Mill observou essa relação, e notou que, frequentemente, buscamos coisas como dinheiro, fama ou poder como se elas fossem um fim em si mesmas, como se elas servissem para alguma coisa. Na verdade, essas coisas não servem para nada, se não servirem para nos fazer felizes.

Epicuro chamou essas coisas (dinheiro, poder e fama) de prazeres vazios. E ele foi o maior defensor dos prazeres na história da filosofia. Foi o filósofo do hedonismo, ou seja, da ideia de que devemos viver para buscar o prazer e evitar a dor. Mas, já naquela época, ele identificou os prazeres vazios: coisas que nós buscamos porque elas nos acenam com a felicidade, enquanto, na verdade, nos afastam dela. O mundo moderno nos bombardeia com ainda mais prazeres vazios que a antiguidade. Temos que ser perfeitos e felizes como as pessoas nas redes sociais. Temos que lidar com expectativas irreais de sucesso, já que aprendemos que podemos ter e ser tudo o que quisermos. Essas expectativas geram ansiedades, que precisamos aplacar com gratificação imediata – comprando coisas, encontrando um parceiro para o sábado à noite, ou entregando um relatório perfeito antes do prazo, que passamos o fim de semana preparando. Tudo para termos sempre a certeza de que estamos no caminho certo, de que estamos vivendo a vida que deveríamos estar vivendo. Para quê? Para um dia sermos felizes? Os mesmos filósofos que propuseram que o motivo de nossas ações é a felicidade, perceberam o enorme risco que é viver pensando em ser feliz um dia, enquanto perseguimos fantasmas, desejos vazios.
 
Que tal ser feliz agora? A pesquisa da Lancôme identificou que a maioria das brasileiras acham que ser feliz requer dedicação, esforço. Elas estão certas. Mas não se trata de esforço agora, em busca de uma felicidade inalcançável algum dia. O esforço que devemos ter é para identificar melhor o que nos faz feliz de verdade, o que realmente nos importa. E, então, nos esforçarmos para incluir essa felicidade em nossa vida hoje. O desejo por mais liberdade, identificado na pesquisa, mostra que a maior dificuldade para ser feliz hoje é que nos sentimos amarrados, aprisionados por obrigações. A pesquisa também mostrou que as pessoas acham difícil se livrar de algumas dessas amarras do dia a dia, mas, interessantemente, 58% dos que tentaram tiveram sucesso. São dados muito animadores.
 
Ser livre não significa jogar tudo para o ar. A irresponsabilidade, no final das contas, vai nos fazer muito infelizes. Pode ser difícil identificar o que nos faz felizes de verdade, e o que são os fantasmas que perseguimos para aplacar ansiedades. Mas, podemos parar para pensar melhor sobre o que realmente importa, e os próximos textos vão abordar alguns temas que podem ajudar a separar o joio do trigo. Para que possamos, com sabedoria, nos dedicar a ter uma vida mais bela, plena e feliz, agora.
 
Texto criado especialmente em parceria com a Lâncome.

By The School of Life

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