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Equilíbrio Emocional

Equilíbrio Emocional

O fundador da The School of Life, Alain de Botton, costuma afirmar o seguinte: “Se eu estou em um encontro e a pessoa me garante ser alguém muito fácil de lidar, eu saio correndo porque essa pessoa certamente é muito perigosa”. Na visão dele, só é seguro estar ao lado de alguém que conhece e reconhece, além das suas fortalezas, os seus pontos de sombra. Afinal, somos todos um pouco loucos, tentando manter a mente sã em uma cultura de perfeição que não nos prepara para as dificuldades de ser humano e muito menos manter o equilíbrio emocional.

É claro que devemos permear o nosso dia a dia e os nossos relacionamentos de empatia, compaixão, resiliência e calma. Mas precisamos reconhecer que ser completamente sãos o tempo todo, não é algo que esteja dentro de nossas atribuições. Diariamente, há muitos motivos, dos simples aos mais complexos, que nos convidam ao desequilíbrio, à vulnerabilidade e à uma espécie de abismo entre nossas esperanças e nossa realidade. Em momentos como esses, em vez da pura sanidade, deveríamos almejar a “insanidade sã”. 

Permita-se ser um “insano são”

O “insano são” é diferente do simplesmente “insano”. Ele conhece as próprias insanidades de uma maneira bastante lúcida e sábia, e tem uma percepção honesta e precisa do que não está certo sobre seus pensamentos, ações e sentimentos. Ele pode não ser totalmente equilibrado, mas não tem a bobagem adicional de insistir em sua normalidade. 

Para ele, é possível admitir – com graciosidade e sem perda de dignidade – que, claro, é um tanto peculiar em diversos aspectos. Ele não se esforça ao máximo para esconder de outras pessoas os motivos que o fazem ter insônia, ficar triste, sentir inveja ou ficar ansioso. Em seus melhores momentos, ele pode ser incrivelmente engraçado sobre a tragédia de “ser humano”: exibe medos, dúvidas, anseios, desejos e hábitos que vão na contramão do que a maioria de nós gostaria de contar a nosso respeito. 

Ele não faz tais confissões para se safar ou ser excêntrico; simplesmente é incansável em praticar o autoconhecimento – seja por conta própria ou com a ajuda de profissionais de terapia – e, graças a essa iniciativa, percebe a falta de racionalidade em esperar ser razoável o tempo todo. 

Somente um “insano são” é capaz de avisar os outros, com o máximo possível de antecedência, o que estar perto dele pode significar. Tem a clareza de desculpar-se por suas falhas assim que elas se manifestam. Oferece a seus parceiros de vida e de trabalho mapas precisos de sua loucura, o que é basicamente a coisa mais generosa que podemos fazer por alguém que tem de nos aguentar. 

O “insano são” que existe dentro de nós – às vezes, esperando apenas a ferramenta certa para se manifestar – não é um ser especial que necessita de ajustes mentais. Ele representa a característica mais evoluída de um ser humano maduro, capaz de identificar quando precisa intensificar o autocuidado ou calibrar e colocar em prática a inteligência emocional.

Acredite: se você sabe o quanto é louco, isso faz de você uma pessoa muito segura, para si mesmo, o outro e o mundo.

Texto: The School of Life

Veja nosso calendário completo aqui.

By The School of Life

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