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A Dificuldade de ser Paciente
Não nascemos serenos. Desde os primeiros momentos de vida, choramos: onde está o leite? O que é essa dor? Por que ninguém me ajuda? A vida inicial é uma longa educação na decepção. Para muitos, a segurança nunca veio: fomos deixados para chorar ou convivemos com alguém que entrava em pânico ainda mais do que nós. Assim, aprendemos que, se algo dá errado, devemos gritar, desesperar, assumir o pior.
Quando ninguém responde, presumimos que estamos sendo abandonados. Quando a oferta de emprego atrasa, entramos em espiral. Quando o amor parece incerto, desmoronamos. Não estamos errados, apenas estamos revivendo um medo muito antigo.
Aprendemos paciência pela voz de outra pessoa: “Calma, calma… logo vai chegar.” “Eu sei que está horrível. Estou com você.” É assim que uma criança entende que a distância entre a necessidade e a solução não significa desastre. Mas, se nunca ouvimos isso, crescemos acreditando que esperar não é seguro. A impaciência, nesse sentido, não é apenas um mau hábito, mas uma resposta ao medo.
Esperar, com calma e esperança, só é possível quando um dia fomos ensinados de que esperar pode ser seguro. Caso contrário, aprendemos a entrar em pânico, a desmoronar, a assumir o abandono. No entanto, a paciência pode ser aprendida — mesmo tarde. Podemos reaprender a cuidar de nós mesmos, ouvir uma voz interna diferente que nos diga: “Está difícil agora, mas isso vai passar. Você já superou coisas piores.” Assim, trocamos o pânico por alternativas, lembrando que o amor pode ainda não ter chegado, mas podemos permanecer abertos. A esperança pode ser mais que uma lembrança: pode se tornar uma prática.
Ser paciente não é ser passivo. É manter-se firme diante da dificuldade, sem punição ou colapso. E, acima de tudo, oferecer a nós mesmos a compaixão que um dia precisamos tanto. A paciência não é fraqueza, mas uma forma de coragem emocional. É confiar que o que dói agora pode não permanecer assim para sempre, é oferecer a nós mesmos um novo tipo de cuidado: “Está difícil, mas eu ainda estou aqui.”
É nessa promessa silenciosa que a cura pode começar.