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“Sofro de FOMO. E agora?”

“Sofro de FOMO. E agora?”

(Fear of Missing Out — o medo de estar perdendo algo)

O mundo moderno torna o FOMO inevitável

 

Vivemos cercados por gatilhos constantes para o FOMO — o medo de estar perdendo algo. Somos bombardeados o tempo todo por sugestões do que deveríamos estar fazendo: andar de jet ski, estudar fora, visitar Fernando de Noronha ou conhecer as Pirâmides do Egito. A cultura contemporânea nos mantém constantemente cientes de tudo aquilo que não estamos vivendo, e é quase inevitável não sentir uma dose intensa de FOMO.

 

Um olhar clássico sobre o FOMO

 

Para um temperamento mais romântico, a sensação de estar perdendo algo pode ser devastadora. Em algum outro lugar, pessoas interessantes, criativas e encantadoras parecem estar vivendo exatamente a vida que imaginamos. A felicidade, acreditamos, estaria garantida se apenas estivéssemos naquela festa, naquele trabalho incrível ou numa praia em Bali. Às vezes, a frustração pode até nos levar às lágrimas. O olhar romântico cultiva a ideia de que existe um “centro” no mundo, onde as coisas realmente relevantes estão acontecendo. Já foi Nova York, depois Berlim, por um tempo Londres. Hoje, talvez seja São Francisco – e amanhã, quem sabe, Tóquio ou até o Rio de Janeiro.

 

Quem vê o mundo por essa lente acaba dividindo a humanidade em dois grupos: a maioria “mediana” e uma minoria de “escolhidos”, formada por artistas, empreendedores, estilistas de vanguarda e pessoas que inovam com tecnologia. Nos vemos evitando colegas ou amigos que consideramos pouco interessantes ou sem ambições: o amigo tímido da escola, aquele conhecido que trabalha no escritório de contabilidade. Convivências assim nos parecem um lembrete incômodo do que não queremos ser.

Por outro lado, um olhar mais clássico reconhece que sim, há coisas maravilhosas no mundo — mas desconfia que os sinais mais óbvios de glamour não são, necessariamente, um bom caminho para encontrá-las. Talvez o melhor romance do mundo, neste momento, esteja sendo escrito por uma senhora com artrite, numa cidadezinha esquecida da Letônia chamada Liepāja.

 

Diplomas não garantem inteligência. Celebridades podem ser entediantes. Pessoas anônimas podem ser surpreendentes. E mesmo tomando um drinque exótico no bar mais “cool” da cidade é possível sentir tristeza e ansiedade. Da mesma forma, podemos ter uma das conversas mais profundas da nossa vida com uma tia aposentada que passa o dia vendo novela na TV.

 

O que realmente deveríamos ter medo de perder

 

Quem tem esse olhar mais clássico também sente medo de perder coisas — mas o que mais teme não viver, são experiências bem diferentes: conhecer de verdade os próprios pais; aprender a lidar bem com a própria companhia; reconhecer o poder calmante das árvores e das nuvens; descobrir o que certas músicas significam de fato para si; escutar uma criança de sete anos contando sobre seu mundo.

 

Como esses espíritos mais sábios bem sabem, é possível sim deixar de viver coisas profundamente importantes quando estamos sempre apressados tentando encontrar emoção em outro lugar.

 

By The School of Life

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