Um Manifesto por Alain de Botton

SOU IMPERFEITO(A)

Um lado meu sempre terá defeitos ou problemas. Minha vida será repleta de erros, arrependimentos e desejos não realizados; nunca estarei livre da estupidez e da dor. A perfeição não está ao meu alcance, nem de ninguém.

SOU VULNERÁVEL

Como todo mundo, sou fraco(a), louco(a) e cometo erros. Essa imperfeição me dá compaixão e isso me conecta a cada ser vivo. Sei que compartilhar minha vulnerabilidade é essencial para uma amizade verdadeira.

SOU POUCO SÃO (SÃ)

Algo na minha infância e na minha criação me desequilibrou de um jeito peculiar. Embora possa nunca me recuperar totalmente, tenho o dever de entender minha insanidade, explicá-la aos outros e tomar medidas para conter minhas bobagens e não agir segundo elas.

SOU UM(A) IDIOTA

Muitas vezes digo e faço coisas incrivelmente imbecis. Aceitar minha idiotice me dá autoconfiança, resiliência e compaixão pelos demais tolos que habitam o planeta.

SOU SUFICIENTEMENTE BOM (BOA)

Aceito que o oposto da perfeição não é o fracasso e que a adequação é uma conquista a ser celebrada. Estou satisfeito(a) em ser “comum”, reconhecendo que nisso contém o melhor da vida.

SOU POUCO ROMÂNTICO(A)

Acredito que ninguém seja totalmente “certo” ou “errado” para estar ao meu lado. Em relacionamentos, faço concessões. Vejo isso não como o inimigo do amor, mas sim como a maior conquista desse sentimento.

SOU MELANCÓLICO(A)

Resisto à pressão enorme para sorrir. Aceito que toda vida é composta prazer e significado, mas também por decepção e sofrimento. Posso até ficar aflito(a) – não com raiva ou amargor -, mas com otimismo.

SOU INSIGNIFICANTE

Sou um monte de átomos em um canto minúsculo de um universo infinito. No esquema geral das coisas, não sou nem um pouco importante. Essa consciência não me traz tristeza, mas sim consolo, colocando meus problemas em perspectiva e me liberando para levar a vida que eu escolher.

Texto: Alain de Botton

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